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Na Minha Trilha

September 6, 2007

A música toca, nunca pára.
O barulho do motor, as pessoas falando, carros passando, todos os sons da nada harmoniosa sinfonia de barulhos diários. Mas os sons urbanos estão distantes, pois a minha música toca.
Fones no ouvido, sintonias. Canções escolhidas a dedo. Me distraio do local onde estou, viajo para dentro de mim. Ganho idéias, idéias que escrevo ou que apenas penso. Penso em resolver minhas coisas…
O barulho externo continua o mesmo, e o de dentro de mim vai crescendo. A música toca sem parar, e me leva a mais um dia de trabalho.
São ótimos esses aparelhos. Rádios, toca-fitas, CD ou mp3. São todos boas invenções, esses “barulhos portáteis”. Ao invés de ouvir conversas sobre o jogo da última quarta-feira e as sucessivas quedas do Guarani, ouço a Legião Urbana em seus imortais clássicos.
Tenho que estudar, trabalhar. Possuo contas a pagar, e também medos que devem ser enfrentados.
E se eu não passar no vestibular? E se aquela pessoa não gostar de mim? Por que não consigo falar com ela? Aconteceu algo de errado?
Sei lá, me preocupar com isso não vai trazer soluções. Preciso de calma para pensar com clareza e dar um jeito em tudo. Então, coloco um Falamansa pra tocar e admiro a paisagem, pois hora ou outra, no meio dessa serenidade, entre um barulho e outro, a resposta vai aparecer.
A música continua tocando, seja em meu ouvido ou na minha cabeça; afinal, são todas minhas mesmo. São as canções que tocam a minha vida. São os suspiros das garotas, o som do chuveiro enquanto tomo banho, o ronco do meu irmão enquanto tento dormir, o programa no rádio logo de manhã, a caminho da rodoviária.
Essa música é composta pelo meu chefe buzinando em meu ouvido, pelas buzinas dos automóveis nos congestionamentos do centro e pelos meus espirros em dias de resfriado. É Van Canto e Xandria, é Oskão e Faichecleres. É Biquíni Cavadão e Paralamas do Sucesso, é melodia e letra, é português, inglês e até japonês!
É a trilha sonora do filme da minha vida, cheio de altos e baixos, cujo clímax é o agora. E, se o melhor desse filme é o agora, então tudo vale a pena. Todas as decisões e dúvidas, riscos. Afinal, como alguém já disse, a maior e mais incrível aventura da qual podemos fazer parte é a nossa própria vida, e a única certeza é que dela não sairemos vivos…
Então eu relaxo. Todos têm dúvidas e dificuldades, uns mais, outros menos. Mas todos possuem capacidade para superar tudo o que vier. Todos nós podemos chegar aos pódios e ouvir a música da vitória.
Aliás, a música continua tocando. Nunca pára. Se ela é um hino de vitória ou derrota, se é um grito por liberdade ou marcha fúnebre, depende de nós. Somos os maestros e nossas vidas, as orquestras. Somos os protagonistas do filme.
Afinal, o filme é sobre nossa vida, e a trilha sonora é nossa também! Não gosta do que está tocando? Se a melodia não combina com as batidas do seu coração, mude a estação do radio, troque o disco. Não se incomode com as quedas, orgulhe-se dos saltos! Se a história é sua, cabe a você fazê-la boa. E, como todo filme, o fim, embora incerto até mesmo para você, é belo. Depende apenas do diretor, você, fazê-lo feliz ou triste.
Já não ouço o motor do ônibus, apenas alunos falando e esperando a aula começar. Em mim, minhas músicas tocam, ecoam, explodem. E, entre tantas dúvidas, há a certeza de que o final será incrível, surpreendente. E, sabendo disso, não desejo estragar a surpresa. Que o futuro chegue de supetão e se faça presente. Pois não há o que temer.
Enquanto isso, sigo escrevendo, trabalhando para ganhar meu pão, estudando para tirar meus sonhos do travesseiro e trazê-los para a realidade. Pois, sem sacrifício, esforço, não há vitória. Nem glória.
Levanto-me e sigo. Fone no ouvido. Esperança no peito. Um dia incrível se desdobrando. Caminho para frente. Vou tocando minha música.

06/09/2007 (07hs35min)

From → Prosa

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